terça-feira, 21 de julho de 2009

O fim do amor




Lindo o seu discurso sobre o fim do amor, sobre o fim da paixão e de tudo aquilo que venha dos sentimentos românticos, das poesias, das músicas de fossa.
Lindos seus versos ásperos evocando a mentira dos conjunges, da falência da instituição matrimonial e a morte das emoções. Versos que tornam seres humanos em roedores subterrâneos e os iguala a um único ser que torturou lhe a alma.
Embora aplaudindo sua dissertação, defendo-me doravante nesta humilde carta. Se é então real o fim do amor, o que faço com esta coisa dentro de mim? Como chamo então o que sinto agora?
Adoro assistir sua veemente falação, mas como então devo agir? O que faço com os versos que te escrevi enquanto sofríamos? Você por alguém que amou sem te querer, e eu por alguem que nunca ousou me amar?
O que faço agora com todas as canções, flores, frases e cores que criei? Sei que nunca lembraria do dia que colori para nós dois, do céu que mandei tingir de anil, das frutas que fiz perfumar. Sei que não sabe dos sonhos que criei, das aventuras que desenhei, das paisagens que desbotei...
Mesmo ouvindo seu pronunciamento sobre o fracasso do enlace, aqui dentro de meu consciente devaneio finjo loucura e adormeço a minha alegria.
Agora me diga, se realmente tudo o que diz é verdade, o que faço com o que sinto?



Richard Goulart

4 comentários:

Anônimo disse...

realmente maravilhoso e verdadeiro parabéns um abraço fabio backer

Baú do Goulart disse...

Valeu Fabito !
Agradeço querido, volte quando quiser, sou teu fã meu amigo !

Cristiani disse...

Que texto lindo.... Bem escrito. Parabéns!!!!

Baú do Goulart disse...

Vindo de uma grande redatora, fico muito feliz!
Valeu, Cris!